Outubro é o mês de conscientização para a prevenção do câncer de mama, o tipo de tumor maligno mais comum entre as mulheres, exceto o de pele não melanoma. O objetivo da campanha “Outubro Rosa” é chamar a atenção da população sobre a importância do diagnóstico precoce, que eleva as chances de cura para 95%, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).


O movimento nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, no início da década de 1990, com a prática anual da “corrida pela cura”. A campanha se espalhou por outras cidades a partir de 1997. Hoje, diversos países promovem ações para incentivar o combate à doença e a realização de exames como a mamografia, método mais indicado para detecção em fase inicial.


Os especialistas orientam que mulheres com casos de câncer de mama na família devem procurar o diagnóstico a partir dos 35 anos, principalmente se o grau de parentesco for mais próximo (mãe e irmã). Desde 2009, toda mulher tem direito de fazer uma mamografia a partir dos 40 anos, conforme indicam a Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia. Pacientes acima desta idade devem realizar o exame a cada um ou dois anos, de acordo com recomendação médica.


“A campanha Outubro Rosa com certeza aumentou a conscientização para a prevenção do câncer de mama, já que a informação sempre é a melhor arma contra qualquer doença. Alguns tabus contra a mamografia também foram quebrados por causa dessa informação”, afirma a radiologista Núbia Pereira Pinto.



Prevenção
Embora o fator genético seja o mais importante, alguns cuidados desde cedo podem combater o surgimento de um tumor nas mamas. Segundo Núbia, manter um peso saudável, ter uma dieta balanceada (rica em grãos, frutas e outros vegetais, restringindo o consumo de gordura), não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas em excesso e praticar exercícios físicos regularmente estão entre as ações que ajudam a prevenir o problema.


“Existem estudos que demonstram que pacientes que fazem de 4 a 7 horas de exercícios físicos semanais podem reduzir em até 15% a chance de ter câncer de mama”, afirma a radiologista.


É importante lembrar que a doença não apresenta sintomas na fase inicial, por isso a indicação de mamografia já a partir dos 35 anos. Mesmo assim, é bom ficar atento a sinais como nódulos, secreção, dores nas mamas não relacionadas ao ciclo menstrual, afundamento dos mamilos, coceira e descamação persistente no local, alteração na forma das mamas e gânglios (ínguas ) nas áreas próximas às axilas.


O autoexame é importante, mas não deve substituir a mamografia. Nem sempre a doença é percebida pelo toque – a paciente geralmente nota nódulos acima de dois centímetros; um médico identifica caroços de um centímetro; o mamógrafo visualiza estruturas com dois a três milímetros.



Números
Apesar das campanhas, o câncer de mama ainda é o que mais atinge as mulheres. São 1,7 milhão de novos casos todos os anos, de acordo com o Inca. A estimativa é de que 59,7 mil pacientes sejam diagnosticadas no Brasil a cada ano do biênio 2018-2019 – uma incidência de 56,33 casos para cada 100 mil mulheres, diz o instituto.


A doença levou 16.069 pessoas à morte em 2016. A informação é a mais recente disponível, segundo o Departamento de Informática do SUS (DataSUS). Foram 8.094 vítimas na região Sudeste, 3.433 no Nordeste, 2.867 no Sul, 1.023 no Centro-Oeste e 652 no Norte do país.


Câncer de colo de útero
Desde 2011, muitas cidades incluem o combate ao câncer de colo de útero à campanha Outubro Rosa. Esse tipo de tumor é o segundo mais comum entre as mulheres, exceto o de pele não melanoma – a estimativa para 2018 é de 16.370 novos casos, incidência de 15,43 para cada 100 mil pacientes, segundo o Inca.


O câncer de colo de útero atinge mais mulheres entre 35 e 44 anos. O principal causador é o papilomavírus humano (HPV), transmitido sobretudo durante relações sexuais sem proteção. Segundo o Inca, hábitos como tabagismo e uso prolongado de anticoncepcionais também são associados ao maior risco para desenvolver este tipo de câncer.


A utilização de preservativos durante o sexo, a vacinação contra o HPV e a realização regular do exame preventivo (Papanicolau) são medidas indicadas para se evitar o câncer ou diagnosticá-lo em fase inicial. As chances de cura em casos de detecção precoce chegam a 100%, segundo o Inca.