A fim de chamar a atenção para a luta a favor da vida, desde 2003 países de todo o planeta celebram o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”. A data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a realização de campanhas e adoção de estratégias pelos governos das nações. No Brasil, as ações integram o “Setembro Amarelo”.

As campanhas atentam para a importância de se saber reconhecer os “sinais de alerta”, em si mesmo ou em alguém próximo (veja abaixo alguns exemplos desses sinais). Esses indicativos são apresentados na maioria dos casos, segundo os especialistas.

Quando possível, o indivíduo que reconhece esses sinais deve procurar conversar com uma pessoa de confiança. Não hesitar em pedir ajuda é uma dica valiosa, pois pode ser necessário ter por perto uma pessoa para companhia ou para auxiliar no contato com os serviços de suporte.

Segundo o diretor da Associação Psiquiátrica de Brasília, o psiquiatra Carlos Guilherme Figueiredo, é preciso ter consciência de que a prevenção é possível e saber quais os fatores de risco, os sinais de alerta e as possibilidades de tratamento. É conhecendo esses fatores que se pode combater o problema.

“É importante destacar que o principal fator de risco é o transtorno mental”, diz o médico. Casos como a depressão e o transtorno de bipolaridade muitas vezes estão associados ao problema. Alcoolismo e consumo de drogas ilícitas são outros fatores ligados a este tipo de evento.

Especialistas garantem que a vontade de tirar a própria vida tem origem multifatorial, em uma complexa interação de condições psicológicas, biológicas, genéticas, culturais e socioambientais.

“Procurar o melhor tratamento para esses casos é uma medida de prevenção. E há um grande problema, que é o preconceito (contra tratamentos psiquiátricos). É preciso mostrar à população que buscar ajuda não é sinal de fraqueza”, diz Figueiredo.

Como ajudar?

Saber ouvir uma pessoa que apresente os sinais de alerta e também saber aquilo que se deve ou não falar são medidas preventivas importantes. Quem conversa com um paciente deste tipo precisa tentar convencê-lo de que está ali para ajudar e para auxiliar na busca por uma saída.

“É preciso ouvir sem fazer julgamento e não estabelecer comparação com outros casos ou pessoas. O principal é oferecer ajuda para buscar a assistência adequada, mostrar para a pessoa que (o quadro) tem tratamento”, afirma Figueiredo.

Uma dica do médico é evitar discursos sobre hábitos da pessoa. “A gente tem que evitar dizer coisas como ‘você já experimentou se esforçar pra ficar bem?’ ou ‘faça uma atividade física’. O paciente já tem a sensação de que não consegue fazer nada, então isso só piora a situação.”

Números

De acordo com o Ministério da Saúde, 11 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano no Brasil. No planeta, são 800 mil casos por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As estatísticas fizeram o órgão internacional criar em 2013 uma campanha de prevenção e estabelecer uma meta para reduzir em pelo menos 10% o número de vítimas até 2020.

Dados de 2017 apontavam que a média de casos no Brasil era de 5,5 ocorrências por grupo de 100 mil habitantes. O índice aumenta para 8,9 casos/100 mil habitantes quando nos referimos apenas à população acima de 70 anos.

Os homens são as principais vítimas. A incidência em um grupo de 100 mil habitantes é de 8,7 casos envolvendo pessoas do sexo masculino e 2,4 do sexo feminino.

A unidade da federação com maior número de casos é o Rio Grande do Sul (com 23% do total de ocorrências comunicadas ao Ministério da Saúde). “Mas estes números não necessariamente condizem com a realidade. Os dados que possuímos são sobre casos notificados. No Sul se comunica mais casos do que em outros lugares, por isso aparece em primeiro”, afirma o psiquiatra Carlos Guilherme Figueiredo.