O preço de dar à luz ao redor do mundo
A conta para a família varia enormemente: de absolutamente nada a US$ 100 mil, dependendo da parte do mundo em que se está ou da classe social a qual se pertence.
O Brasil reproduz bem essas disparidades nos valores de um parto, já que há o sistema público de saúde, onde a mulher não gasta nada, e há hospitais luxuosos, em que o dinheiro gasto em um parto particular daria para comprar um carro. No meio disso, há as mães com planos de saúde, onde também há variações de cobertura. Em geral, o valor mínimo que se cobra por um parto normal é de R$ 1.339, segundo a a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, uma listagem feita pela AMB (Associação Médica Brasileira).
Já a cesárea custaria R$ 1.504. No entanto, esses valores dizem respeito apenas ao procedimento em si e costumam ficar bem abaixo dos valores praticados no mercado.
Em média, um parto no Brasil na rede particular sai por R$ 15 mil – incluindo o obstetra, um auxiliar e/ou um instrumentador, um anestesista e um pediatra neonatal -, segundo Antônio Jorge Salomão, diretor da AMB (Associação Médica Brasileira).
Mas como muitas dessas mulheres têm planos de saúde, elas costumam ter o parto coberto total ou parcialmente por eles. Quando escolhem um obstetra fora do plano, têm de arcar com todos os gastos e depois solicitar um reembolso – em sua maioria, ele perfaz cerca de R$ 5 mil.
Assim, fazendo uma espécie de média entre as que pagam particular e as que têm todas as despesas bancadas pelo plano, podemos dizer que nos grandes centros, um parto sai por volta de R$ 10 mil reais.
O cenário no Brasil
- Sem plano, pelo SUS:Usando a rede pública de saúde, não há custos para a família, já que o governo banca tanto os procedimentos como os profissionais envolvidos no parto.
- Particular: Os preços de se ter um bebê em um hospital privado podem variar amplamente, dependendo de fatores como localização da maternidade e serviços oferecidos. Em hospitais de ponta dos grandes centros, o valor total pode ultrapassar o de um carro popular – ou até um mais caro, se houver complicações no parto.
- Com plano, usando obstetra do convênio:Ao usar o médico que atende o próprio plano de saúde, a grávida também utiliza os outros profissionais – como anestesistas e pediatras – do convênio. Assim, na maior parte das vezes, tudo é coberto pelo plano. No entanto, alguns procedimentos mais complexos podem estar fora da cobertura e há registros de que alguns médicos cobram, indevidamente, valores extras para acompanhar o parto.
- Com plano, usando obstetra fora do convênio: Caso a grávida opte por um obstetra que não atenda seu plano de saúde, ela precisará pagar todos os profissionais e, depois, pedir o reembolso para a operadora. Na maioria dos casos, o valor reembolsado é bem abaixo dos cobrados pelos médicos.
- Com plano na carência:Se a gestante não estiver dentro da carência de 300 dias no plano de saúde, ela será coberta apenas por seus exames de pré-natal e não por procedimentos do parto em si.
Contas de três páginas
Grávida e vivendo longe de casa, a correspondente da BBC em Cingatura Mariko Oi resolveu colocar no papel quanto ela e o marido desembolsariam com o nascimento da filha – e comparou seus gastos aos que têm outros pais e mães ao redor do mundo.Veja o depoimento de Mariko:
“Dinheiro deveria ser a última das preocupações quando se está em trabalho de parto.
Mas quando eu estava prestes a dar à luz, entre uma contração e outra, eu senti que o efeito da anestesia estava passando – e, antes de pedir para o meu médico aumentar a dose, pensei: “Será que isso vai me custar mais US$ 500?”
Antes de ter alta, o hospital me passou três contas diferentes: uma dos gastos médicos comigo, outra com as despesas da nossa filha e uma terceira, que eu nem mesmo me lembro sobre o que era.
Mas sei que a minha tinha cinco páginas, detalhando cada item usado durante os dois dias de que fiquei internada. A conta da nossa bebê não era muito menor.
No total, os custos do parto somaram US$ 6.650. Se você incluir todos os exames do pré-natal, essa conta sobe pra mais de US$ 7.000, equivalente a cerca de R$ 21.700.
Eu sou do Japão e meu marido é britânico. Para nós, seria mais barato começar nossa família em qualquer um desses dois países.
Se morássemos no Japão, o governo nos daria uma espécie de reembolso por nossos gastos. Já no Grã-Bretanha, os procedimentos seriam inteiramente cobertos pelo sistema público de saúde (NHS) e não precisaríamos desembolsar um centavo sequer.
Aqui em Cingapura, se você for cidadão, o governo de dá o chamado “bônus do bebê”, que equivale a US$ 4.300, além de outros subsídios para encorajar os casais a terem mais filhos e, assim, aumentar a população do país.
Mas como somos estrangeiros aqui, temos que pagar o valor na íntegra dos nossos gastos médicos com o parto.
No entanto, entre nossos amigos que também tiveram filhos em Cingapura, US$ 7.000 é considerado um valor relativamente barato quando se fala nesse assunto.
O parto de nossa filha foi bem tranquilo, mas qualquer tipo de complicação que acarrete em uma cesárea de emergência faria o valor da conta triplicar.
Serviço ‘a la carte’ nos EUA
Mas essa conta de cerca de US$ 30 mil que eu tanto temia é o que muitas famílias americanas têm de pagar quando se fala em parto normal. Para uma cesárea, o valor pode chegar a US$ 50 mil (R$ 153.000), segundo um levantamento feito pela Truven Health, uma organização que levanta dados na área da saúde.
Apenas o parto custa cerca de US$ 10.000 nos Estados Unidos, enquanto uma cesárea sairia por US$ 15.000, de acordo com a Federação Internacional de Planos de Saúde (IFHP, na sigla em inglês).
Dos países analisados, os Estados Unidos são, de longe, o lugar mais caro para dar à luz, já que praticamente não há subsídios totais ou sustanciosos do Estado, como acontece em outras nações desenvolvidas.
E por os valores serem mais altos, os pacientes recebem mais serviços, como explica o professor Gerard Anderson, da faculdade John Hopkins de Finanças e Gerência em Hospitais.
“Se você, como médico, ganha mais ao solicitar mais exames, você vai acabar pedindo esses exames – e assim os pacientes passam por mais exames”, afirmou.
“E você também paga uma taxa para serviços a la carte nos EUA. Se você solicitar uma anestesia na hora do parto, vai ter de pagar por isso. Se pedir um analgésico durante após o parto, também terá de pagar. E assim os custos vão se somando.”
‘Ridiculamente caro’
Foi o caso de Mari Roberts, que deu à luz no estado de Virginia e recebeu da maternidade uma conta de mais de US$ 100 mil. Uma complicação no final da gestação fez com que ela fosse internada um mês antes da data aproximada do parto, para que ficasse de repouso total.
“Eu achava que gastaria cerca de US$ 1.000 (R$ 3.100) por noite. Mas apenas a diária do hospital era de US$ 2.250, um valor ridiculamente caro. Fora isso, pagávamos por tudo a parte. Um anestesista veio me ver um dia após o parto – ele ficou apenas alguns minutos no quarto, e isso nos custo US$ 500”, diz Mari, que acabou conseguindo ser reembolsada totalmente pela seguradora.
Já na Índia, a situação varia bastante de acordo com o poder aquisitivo da família.
Para os mais pobres, há maternidades públicas e o governo banca exames e outros procedimentos.
Já os que podem pagar hospitais particulares recebem contas que podem variar, nos locais mais baratos, de o equivalente a US$ 240 para partos normais a US$ 400 para cesáreas.
Mas há maternidades onde os valores cobrados vão de US$ 3.800 a US$ 6.500, incluindo o parto em si e exames de pré-natal.
Para a maioria dos trabalhadores de classe média do país, o plano de saúde cobre cerca de US$ 800 dólares com gastos com o parto.
Texto: BBC Brasil
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