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O dilema sobre a doação de órgão

O dilema sobre a doação de órgão

O dilema sobre a doação de órgão

O dilema sobre a doação de órgão

A falta de informação sobre o assunto afeta as mais de 53 mil pessoas que estão à espera de um órgão

Estamos em plena campanha de junho vermelho, onde o foco é a doação de sangue,  que segundo os dados do Ministério da Saúde, estão longe dos padrões de estoque que o Brasil necessita. E  dentro deste cenário de necessidade, é importante ressaltar a situação crítica com relação a doação de órgãos no país, onde mais de 53 mil pessoas estão à espera do transplante de algum órgão. A recusa para doação em 2021 foi de 42%, de acordo com os últimos dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos – ABTO. Isso acontece, em parte, porque muitos familiares desconhecem os processos sobre o procedimento e conceitos básicos como morte encefálica, duvidando da segurança da doação.

A doação de órgãos ainda está cercada de muitas dúvidas e pouco se fala sobre o tema, pois envolve a vida e a morte, assuntos que ainda são considerados tabus e são poucos discutidos dentro da sociedade. Além disso, trata-se de uma pauta pouco explorada tanto em campanhas governamentais quanto em outras esferas, como a escolar, dificultando que a população assimile a importância desse ato e fique ciente dos pormenores do assunto. Ao contrário do que muitos pensam, é possível fazer a doação de órgãos em vida.  Mais que uma bela ação, a  doação de órgãos dá a chance de salvar vidas e assegura às pessoas que recebem, uma vida mais confortável e tranquila.

A princípio, é relevante ressaltar que uma parte muito pequena das mortes encefálicas (morte cerebral), é revertida em doação de órgãos. São 2.642 pessoas que poderiam doar seus órgãos, mas a recusa familiar impossibilitou o transplante. Enquanto isso, mais de 48 mil pessoas esperam por algum tipo de doação de órgãos.

Entenda o transplante de órgãos 

O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico em que um ou mais órgãos de uma pessoa com uma doença grave, sem possibilidade de melhora com outros tipos de tratamentos, é substituído por outro ou parte de um órgão de um doador. A doação também pode ser feita por doadores vivos, doando rim, parte do fígado, um dos pulmões ou medula óssea. Já quando a morte ocorre por parada cardíaca ou respiratória só é possível doar córneas, peles e ossos. A morte cerebral é quando não há mais nenhuma função cerebral e o estado é irreversível. 

O diagnóstico segue uma série de procedimentos e precisa ser feito por mais de um médico. Diferente do coma, a morte cerebral não tem volta. A Lei nº 9.434/2017, conhecida como Lei dos Transplantes, assegura que a doação de órgãos só pode ser feita depois de constatada a morte encefálica. É importante que haja clareza para a família que morte encefálica é igual à morte, não há possibilidade de reversão do quadro. Para que haja diagnóstico de morte encefálica, é necessária uma avaliação clínica minuciosa, por profissionais habilitados.

A fila de espera do transplante de órgãos 

Segundo os dados do Sistema Nacional de Transplantes, o Brasil tem aproximadamente 53,2 mil pessoas na fila de espera por um transplante de órgão. Dessas, 31 mil aguardam um rim e 19 mil esperam por uma córnea. O alto índice de pessoas à espera de um transplante é influenciada pela pandemia, pois houve uma queda nos números de transplantes, principalmente nos de córnea. Caíram de sete mil operações realizadas em 2019 para três transplantes em 2020.

A fila de espera para quem precisa receber uma doação funciona de acordo com o grau de gravidade. Mas não faz nenhuma diferenciação entre localidade ou classe social do paciente que precisa do órgão. A cirurgia do transplante e o tratamento podem ser feitos por meios particulares. No entanto, todos estão sujeitos à fila pública de órgãos. 

Como se tornar um doador de órgãos?

Para ser um doador em vida, a pessoa deve ser maior de idade, saudável e, claro, concordar com a doação, que não pode prejudicar a própria saúde. Já a doação após a morte encefálica só acontece com a autorização da família. Por isso, quem quer doar deve conversar com os familiares.  Para que esses números de pessoas à espera de um órgão diminua e consequentemente mais vidas sejam salvas, é necessário que todos entendam que por mais que seja um sofrimento perder alguém, ainda mais de forma repentina,  a doação de órgãos é uma forma de fazer com que parte de alguém que a gente ama mantenha viva outra pessoa, esse também é um ato de amor.  Converse com sua família. Seja um doador!

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